Quando se come uma fruta gostosa devia-se plantar a semente dela. É a perpetuação da vida e das boas qualidades de um ser. Então – não é sempre – semeio em caixas de leite e coloco debaixo da pitangueira. Vez por outra espio e qual não é minha alegria quando vejo uma folhinha verde saindo da terra. Daí, deixa-se o tempo passar vendo a plantinha crescer. Quando ela tem um palmo está na hora de aguardar um dia de chuva em Lua cheia. E no dia que se acorda com o barulhinho da chuva batendo no telhado está na hora de sair para plantar.
Com minha velha cavadeira, Malu e três caixinhas sai todo feliz. No caminho chamei o garoto Iure para me acompanhar. Sua mãe deixou e ganhei um companheiro. Não é bom fazer uma coisa alegre sozinho. Ter alguém para conversar anima a gente. Mas eu queria mais, pretendia ensinar.
Quando chegamos ao terreno mostrei a Iure outras plantas que fixei ali tempos atrás. Levei-o também para ver como depois de crescidas ofereço a árvore para um neto ou para crianças que me ajudam a assentá-las no chão.
Depois, mostrei como se limpa o terreno de plantas daninhas, como as soqueiras de capim que abafam a nova plantinha.
Aproveitei para falar sobre o princípio da alavanca que se usa com a cavadeira, aumentando nossa força para arrancar. E falei do grego Arquimedes.
Mostrei como se faz o berço para a planta cavando fundo a terra. Como se forra com mato seco para fertilizar por onde as raízes vão passar. Então, se cobre de terra fofa e bem orgânica, preta de tantos restos de outras plantas, insetos e até animais. É hora de, com cuidado, tirar aquele projeto de árvore da caixinha e coloca-la no berço que fizemos.
Coloca-se mais terra preta em volta e o jovem trabalhador foi convidado a socar a terra para as raízes ficarem firmes.
Chegaram dois irmãos, Igor e Ian, e juntos plantamos as outras mudas.
Então voltamos satisfeitos para casa. E eu muito feliz por ter plantado arbustos novos na terra e sementes de conhecimento em jovens corações.